A linguagem

15 setembro, 2010
Se há coisa mais irritante e desconcertante num livro é a linguagem. E não me interpretem mal que não falo de calão. Falo sim de de formalidade.
Não sei se para aqueles que são destros em inglês alguma vez notaram o quão a maioria das vezes as legendas de filmes e séries são tão más em Portugal. Às vezes até dói só de olhar. O mesmo acontece com os livros. As traduções não coincidem bem, embora neste caso nem seja pelas palavras.O grande problema é o estilo.
Pegando no post de ontem vou confessar que li a Saga Twilight em inglês muito antes sequer de ter sido o primeiro livro traduzido. E quando fui a Coimbra a uma das consultas de rotina no hospital, tal como todas as vezes dou um salto ao fórum com o meu pai, comprei o livro em português. Bem, que desastre! Só um erudito usaria aquelas palavras. Decerto nunca viram uma adolescente de 16 anos cuspir tais palavras. Pois é. Mas a conversa não era bem assim. É, na verdade, um livro com uma linguagem simples, uma ocasional palavra menos comum aqui ou ali, mas nada que pudesse encarcerar o livro num dicionário.
De Sherrilyn Kenyon, Acheron à esquerda em português, Dream Warrior à direita em inglês.
A informalidade característica das narrações da série mantém-se no livro traduzido. 
O que realmente vos quero falar hoje é disso mesmo. Boas traduções, bom diálogo e boa narração. O que isto quer dizer é que o tipo de linguagem que se usa ao longo da narração de uma história deve estar nos conformes das personagens, de quem narra (dependendo do tipo de narrador) e da audiência literária. Sempre achei o português na sua natureza uma língua muito formal. Principalmente com os livros que lia. E depois somos expostos a obras literárias. O que vai dar ao mesmo. Existem todavia livros bem traduzidos, o que só me faz lembrar a mítica luz ao fundo do túnel.
Tudo isto para dizer que quando se quer remover aquela formalidade tão irritante que vemos nos livros a melhor solução é usar e abusar do tom coloquial. Para aqueles que não sabem o que coloquial significa é só pensarem na maneira de se falar em tom de conversa casual. Isto é, toda a gíria que se usa é o que torna o que é narrado num livro mais real. Se na vida real não falamos com formalidade em conversas casuais, nem quando recontamos algo que aconteceu dessa maneira, porque o fazer de forma escrita?

2 comentários:

wapy disse... [Reply]

O problema é que eu até falo com uma certa formalidade no dia-a-dia ;_;

Mas acho que exprimes uma opinião perfeitamente válida. Como era estranho nas dobragens do Dragon Ball ouvirem-se palavras de um portugês tão recôndito que nós, miúdos de seis anos, ficávamos que nem burros a olhar para um palácio. Mas se é nas dobragens também é nos livros, mas eu sempre preferi ler livros portugueses e em português, dado que é uma língua de que gosto muito <3

rainfreak disse... [Reply]

@wapy
Eu também adoro o português (e até nem te achei tão formal assim x3), especialmente porque é tão flexível com gíria e acho imensa piada às coisas que podem sair da boca de alguém. E acho que é isso que se deve aproveitar. Parece sempre existir uma stiffness em alguns dos livros mais antigos que tenho, tanto porque agora nem tenho comprado muito em português. Mas mesmo do autor Fábio Ventura já notei que essa caso de formalidade surge lá pelo meio.

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