Pesquisa hardcore

22 dezembro, 2010
Existem diversas razões pela qual, no seu resultado, o livro não avançou.
A mais importante é, contudo, bastante óbvia e trata-se de todo um trabalho de backstage.
Se a história se encontrasse no âmbito da pura imaginação avançaria bastante depressa, tal como a história anterior o fez. Mas como estou a inserir factos históricos, para não falar de personagens que existiram mesmo, requer um trabalho mais complexo.
Se já leram o prólogo, terão notado que Marcus é, sem sombra de dúvida, uma personagem completamente fictícia inserida num momento histórico. Uma vez que as reais personalidade, que fizeram desse momento algo semi-real ao invés de absolutamente irreal, são meramente secundárias ou figurantes, apenas alguns factos historicamente verídicos são suficientes para que a história funcione.
Todavia não é o caso de D. Sebastião.
D. Sebastião, o Encoberto
Não foi uma escolha aleatória de acrescento, mas admito que talvez seja um pouco óbvia.
Talvez seja um pouco difícil de notar, mas Sherrilyn Kenyon e Christine Feehan são duas das autoras que mais me influenciaram na escrita, tanto no que toca a set e histórias, como a personagens. Neste caso, personagens. Não só D. Sebatião foi alguém com uma vida bem atribulada, e um fim dubitável, como tem características que quero trabalhar. Uma delas a sua lenda.
"Whether his body was ever found is uncertain, but Philip II of Spain claimed to have received his remains from Morocco and buried them in the Jerónimos Monastery"
wikipedia.org
Esta foi, sem quaisquer dúvidas, a maioritária razão pela qual funciona eu empurrar esta personagem para dentro da história. Não só isso, como também a ligação que a história que precede esta a Portugal.
Isto tudo porque, se os autores estrangeiros que tanto consumimos vão buscar das suas raízes, eu, que tanto orgulho sinto na minha ancestralidade, porque não o havia de fazer?

Herói é o anti-herói

21 dezembro, 2010
Chegou a hora da famosa questão: que raio quero dizer com isto?
Tanto é uma resposta fácil como complicada.
Disse-me uma vez uma profissional da escrita que para que eu conseguisse criar tensão na história que estou a escrever devia tornar as coisas o mais complicado possível para as minhas personagens. Está claro, pois, que dito assim parece fácil. Mas a verdadeira chave de ouro foi a idiossincrática assinatura da Elaine Isaak, que a amiga da autora citou quando me esclareceu a minha dúvida: "You don't want to be my hero!" (não queiras ser o meu herói).
Embora a frase não seja muito sugestiva ao princípio, depois de deixá-la a fervilhar acendeu-se a lâmpada.
Quando penso em herói (e penso que muitos farão o mesmo) a imagem que me vem à mente é do cliché caminho fácil e final feliz. Mas depois pus-me a pensar e a verdade é que muitos dos meus livros favoritos têm protagonistas que, nesse contexto, seriam os piores heróis possíveis. Não porque não consigam resolver os problemas que lhes vão surgindo ao longo da história, mas porque passam a imagem do que domino de asskicking-badasses - heróis reluctantes e sem perfil nenhum de herói.
Logo daí a solução foi bastante óbvia: Tony Stark.

Tony Stark, Iron Man
Não digo que que seja um fac simile que se deva criar, mas sim entender porquê esta personagem é um herói tão bom. Ou neste caso, não.
Analisem as coisas da seguinte forma:
É uma personagem egocêntrica, arrogante e com poder. Depois têm todo o outro lado de ser algo um tanto ou quanto altruísta e patriota. É bastante conflictuoso, uma personalidade assim. Não deixa de ser por isso que se torna num herói, embora não seja um exemplo de herói a seguir!

Compreender causas, efeitos e singularidades

15 novembro, 2010
Não é um post que em tudo tenha a haver com o objectivo do blog no seu ser. É uma mera explicação, talvez até uma descarga.
É triste dizer que a cabeça não aguenta com tudo.Sentir que se pensa a mil à hora é perecível de desconserto. Claro está então, que não é único o que reside no sótão que é a mente. Deambulam lá as responsabilidades e confrontam-se os hobbies. Dá-se a guerra com com o descanso e estagna-se logo o raciocínio. E os detalhes que gritam depois por atenção.
Fica pois a questão - vai qual primeiro? E depois vendo as grosseiras que surgem só dá vontade de fustigar o que se escreveu e incinerar o que outrora fora bom. Mesmo que se dissimulem nas gavetas e privados fiquem os relatos.
Posso dizer que sou párvoa mas a verdade é que aos outros os vejo bestiais.

A linguagem II

13 outubro, 2010

Antes de mais, uma vez mais as minhas desculpas. Sempre que começo um ano, as coisas acabam sempre atribuladas. Vá se lá saber porquê.
Hoje vou continuar o post anterior da linguagem. O que tinha referido maioritariamente era o tom coloquial. O que vou fazer é algo semelhante a uma demonstração. Isto não é regra, nem a forma como eu escrevo de nenhum pro. É apenas um exemplo.

Sob uma forma mais formal:
– Basta! Cessai essa gritaria infernal duma vez por todas! – berrou, mas depressa se arrependeu com a tontura que precedeu ao abuso das cordas vocais. Mas surtiu efeito o curto esforço e todas as vozes cessaram, deixando que o som de passos aproximando-se superassem o silêncio. Marcus ergueu a cabeça lentamente e encarou o chefe do exército lusitano.
- Saudações, dux Viriato. – cumprimentou Marcus. O homem alto, de cabelos castanhos deslavados do sol, ligeiramente longos, e barba pomposa e encaracolada de guerreiro, que o observava apenas de alguns passos, inclinou a cabeça respeitosamente e não moveu mais um músculo. Marcus estendeu o braço fraco, mas que, à vista de qualquer um, fraqueza não haveria, e, com um sorriso de meio lado, ambos os homens cumprimentaram-se como guerreiros que eram.
– Viagem longa deduzo? – perguntou Viriato. Marcus anuiu silenciosamente. – Não pareces bem.
– Algum maldito vírus, provavelmente. A ceia foi-se, a força é pouca.
– Que notícias trazes?
– Antoninus Pius ordenou o cônsul para preparar as legiões para avançar em uns meses. – ele franziu o sobrolho. – Continuareis aqui, teimosos lusos?
Viriato cruzou os braços à afronte típica de Marcus e respondeu como sempre respondia.
– Assim somos - lusos, teimosos. Mas pela liberdade.

Sob uma forma mais informal:
Então, com quem vais? – perguntou curiosa. Com ninguém, pelo menos que eu saiba. – encolhi os ombros sem interesse. – Mas vou na mesma, para ver como se sai a imaginação das pessoas. – ri-me só de pensar. Então e o Eric Larson?
Olhei para ela, uma sobrancelha levantada com descrença.
Estás a gozar? Pois, como se não tivesses notado os olhos dele colados constantemente em ti durante todo o dia! – resmungou ela.
Como assim? – questionei, confusa. – O que queres dizer? Quero dizer, - disse ela, exasperada como se estivesse a responder aos constantes “porquês” de uma criança. – que tu és a pessoa mais distraída que eu conheço. – suspirou pesadamente. – Ele passou o tempo todo a olhar para ti. Ok, pronto, discretamente. Acho que mais ninguém deu conta. – disse ela, após me ver a fulminá-la com os olhos. Muito estranho, tendo em conta o seu comportamento ontem e durante hoje para comigo. – comentei, com ligeira irritação.

Embora cada uma das narrações seja diferente em termos de narrador, o primeiro funcionaria de igual maneira que o segundo, bastando colocar esse narrador na cena.
De todas as maneiras aquilo que quero apontar é as idiossincrasias do narrador. Isto é, imaginem as coisas da seguinte maneira:
A mesma pessoa, por exemplo, um adolescente, terá uma conversa com um amigo e posteriormente fará um discurso. Claro está que a gíria dependerá de cada situação. É nesse aspecto que se deve ter maior atenção. Óbvio também no uso de palavras, dependendo do público alvo.

Excerto II

06 outubro, 2010
Como estou um pouco desorientada com o meu livro deixo-vos um primeiro excerto do princípio (porque é por aí que se começa). Espero que gostem. Estou neste momento a esganar a minha musa (uh, neste caso um) para que me deixe saber o que raio está a acontecer com a Holly.

Gabriel sonhara muito durante a noite, de isso ele tinha a certeza. Com o quê, ao certo, não se recordava. Mas ao acordar, Gabriel levantara-se com uma ideia fixa. Talvez fosse ridícula, talvez até fosse uma ideia louca e descabida. Mas se resultasse, Gabriel resolveria, provavelmente, mais do que um problema de uma vez só.
Vestindo um dos roupões que estava pendurado no guarda-fatos do quarto, para uso dos hóspedes, Gabriel dirigiu-se ao seu quarto. Ao bater suavemente com os nós dos dedos sobre a madeira, a voz de Milly respondeu-lhe do outro lado, fazendo-o franzir o sobrolho.
 Gabriel entrou silenciosamente e, ao olhar em direcção à porta da casa de banho privada, compreendeu porque razão Milly se encontrava ali. A face que o enfrentou não se comparava à do dia anterior. Embora a mesma, era agora rosada, os cabelos caramelizados e húmidos emoldurando subtilmente as curvas do rosto longo e acentuando a cor achocolatada dos olhos, onde pequenas mechas azuis brilhavam. Gabriel sugou um fôlego. A forma como o vestido branco assentava sobre as curvas de Karen fê-lo engolir em seco. Talvez, agora, a sua ideia afinal não fosse tão louca. Apenas…indecente.
Ele pigarreou, e viu os olhos que o observavam silenciosamente varrerem o seu corpo num instante. A rapariga cobriu os olhos com os dedos, um tom carmesim cobrindo as suas faces escondidas. Foi só apenas quando Milly saiu da casa de banho tossindo deliberadamente, carregando toalhas brancas húmidas e as vestes imundas e coçadas da rapariga, que Gabriel se apercebeu que envergava apenas um robe sobre a sua roupa interior à frente de duas senhoras. Milly estava mais do que habituada a vê-lo alardear-se pela casa em mínimas vestes. Mas os olhos inocentes de Karen não necessitavam de serem feridos com tal parada.
– Perdão. – desculpou-se Gabriel, tendo a consideração de se mostrar embaraçado. – Pensei que estivessem na cozinha. Vim apenas tomar um duche.
– Faz-te à tua vida rapaz. – disse Milly agarrando o braço de Karen, que ainda escondia a face por entre as mãos. – Vou dar o pequeno-almoço a esta tagarela.
Gabriel ergueu as sobrancelhas.
– Tagarela?
– Oh, sim. Esta menina fala pelos cotovelos, acredita.
– Não creio ser testemunha disso. – disse ele, com leve divertimento observando-a a arrastar consigo pela mão a pequena criatura.
– Vais ver. – prometeu Milly, fechando a porta depois de sair. Gabriel inspirou profundamente. O doce sabor de caramelo pairava no ar, uma fragrância que fazia crescer água na boca. Ele estremeceu e abanou a cabeça inclementemente. Gabriel tinha a certeza absoluta de que Milly o iria censurar pela sua decisão. Mas que podia ele fazer? Ele não desejava mandar a rapariga de volta para de onde viera, não depois de ter visto o terror que isso lhe provocava. Mas se não a mandava embora o único que via como solução era mantê-la consigo. E para isso só havia uma forma de o fazer.

Narração

03 outubro, 2010
De volta e munida já de computador vou falar de narração. A maioria de nós aprende três modos de narrador numa história. Contudo existem mais facetas que nem sempre são tão comuns e abordadas em aulas.
Podemos criar uma narração sob qualquer ponto de vista:
  • Em primeira pessoa - Embora eu tenha ouvido dizer muito que para se começar a escrever este modo seja o melhor na verdade não sou apologética de que seja o mais simples. Muito pelo contrário. Enquanto que com um narrador heterodiegético uma quantidade de coisas que sejam inerentes às personagens possam escapulir à narrativa sem esta perder partes essenciais que deixem buracos, com uma narrador em primeira pessoa, a personagem tem uma experiência directa em autodiegético e homodiegético. O modo mais comum é homodiegético, daí se tornar complexo escrever como uma personagem. É necessário conhecer todas as idiossincrasias da personagem.
  • Em segunda pessoa - É tão raro encontrar alguém que proporcione esta experiência, para não falar de que é absolutamente estranho ler desta maneira. É todavia curioso tentar.
  • Em terceira pessoa - A mais comum que tenho em biblioteca, providencia uma possibilidade de uma narração com mais variados pontos de vista sem trazer tantos encargos como traz na primeira pessoa. É a melhor forma de começar, especialmente em heterodiegético.

Essencialmente aquilo que se quer abordar é a forma como o narrador se comporta.
Tal como descrito na Wikipédia, existem seis tipos de focalização por parte do narrador.
  • Omnisciente: colocado numa posição de transcendência, o narrador mostra conhecer toda a história, manipula o tempo, invade o interior das personagens.
    Interna: o narrador adopta o ponto de vista de uma ou mais personagens, daí resultando uma diminuição de conhecimento.
    Externa: o conhecimento do narrador limita-se ao que é observável do exterior.
    Neutra: O narrador não expõe seu ponto de vista (este modo não existe na prática, apenas na teoria).
    Restritiva: A visão dos factos dá -se através do ponto de vista de alguma personagem.
    Interventiva: O autor faz observações sobre as personagens.
Alguns exemplos bons:

 A série de Keri Arthur, Riley Jenson Guardian é narrada em primeira pessoa pela própria protagonista. É possível vermos o tipo de personagem que é pela narração e a forma como vai mudando ao longo da história. A Chrisitne Feehan, por exemplo, já narra as histórias em terceira pessoa e com um narrador heterodiegético. Embora o narrador seja ausente, existe sempre um insight das personagens e dos seus pensamentos, uma vez que a narração é interna.

Nota - Estar ausente

23 setembro, 2010
Já devem ter notado que não houve posts ainda esta semana. Infelizmente não tenho computador e apenas hoje tive oportunidade de agarrar um na biblioteca.
Como estão quatro posts pendentes, farei excepção de postar em fins-de-semana, até voltar ao horário regular.
Nisto ficam alguns dos temas que irei abordar:
  • Narração
  • Linguagem II
  • Guia estrutural avançado
  • Herói é o anti-herói

Possivelmente na próxima semana já deverei ter oportunidade de seguir regularmente.

Recomendações II

17 setembro, 2010
Mais um dia de recomendações!
Hoje temos duas numa! Ou quase. Encontrei esta recomendação num sítio do qual já não me lembro e achei bastante interessante de partilhar depois de ter desfolhado algumas páginas na Amazon.
For Women Only e For Men Only, de Shaunti e Jeff Feldhahn, são dois livros excelentes não só para a escrita como pessoalmente. Para compreender como a mente do outro sexo funciona! Muito bom pelo que vi e estou com imensa vontade de adquirir o volume da esquerda. Podem fazer browse de algumas páginas no site da Amazon.

Pesquisa

16 setembro, 2010
Hoje foi um momento à encrava. Pelos vistos a minha memória não está nos seus melhores dias.
Bom, falemos de pesquisa. Nem sempre é necessária fazer pesquisa quando se escreve. Tudo depende do género de livro que se vai narrar.
Neste volume que estou a escrever, para o prólogo - uma história parcial, esperançosamente à espera de uma continuação (veremos) - necessitei de fazer alguma pesquisa um pouco mais intensiva do que normalmente faço.
O costume que tenho é de fazer um leve browsing no Google. Não há melhor amigo que este. Quando tenho que pesquisar além do meu conhecimento académico volto-me sempre para a Wikipédia. Contudo, e com muita tristeza, em português está bastante esburacado. Uma vez mais sublinho que inglês é a melhor solução para pesquisar, uma vez que mais facilmente se encontra mais informação. Também se pode correr atrás de uma enciclopédia, mas aconselho isso como último recurso.

Há imensa gente que não está muito familiar com os atalhos de pesquisa, nomeadamente as aspas, o sinal + e o sinal -. As aspas mantém as palavras num fragmento ou frase, enquanto que os sinais adicionam ou retiram respectivamente a(s) palavra(s) que lhe(s) segue(m).

Quando algumas coisas são mais específicas e são para múltiplo uso é bom procurar livros ou ebooks sobre esse determinado assunto.

A linguagem

15 setembro, 2010
Se há coisa mais irritante e desconcertante num livro é a linguagem. E não me interpretem mal que não falo de calão. Falo sim de de formalidade.
Não sei se para aqueles que são destros em inglês alguma vez notaram o quão a maioria das vezes as legendas de filmes e séries são tão más em Portugal. Às vezes até dói só de olhar. O mesmo acontece com os livros. As traduções não coincidem bem, embora neste caso nem seja pelas palavras.O grande problema é o estilo.
Pegando no post de ontem vou confessar que li a Saga Twilight em inglês muito antes sequer de ter sido o primeiro livro traduzido. E quando fui a Coimbra a uma das consultas de rotina no hospital, tal como todas as vezes dou um salto ao fórum com o meu pai, comprei o livro em português. Bem, que desastre! Só um erudito usaria aquelas palavras. Decerto nunca viram uma adolescente de 16 anos cuspir tais palavras. Pois é. Mas a conversa não era bem assim. É, na verdade, um livro com uma linguagem simples, uma ocasional palavra menos comum aqui ou ali, mas nada que pudesse encarcerar o livro num dicionário.
De Sherrilyn Kenyon, Acheron à esquerda em português, Dream Warrior à direita em inglês.
A informalidade característica das narrações da série mantém-se no livro traduzido. 
O que realmente vos quero falar hoje é disso mesmo. Boas traduções, bom diálogo e boa narração. O que isto quer dizer é que o tipo de linguagem que se usa ao longo da narração de uma história deve estar nos conformes das personagens, de quem narra (dependendo do tipo de narrador) e da audiência literária. Sempre achei o português na sua natureza uma língua muito formal. Principalmente com os livros que lia. E depois somos expostos a obras literárias. O que vai dar ao mesmo. Existem todavia livros bem traduzidos, o que só me faz lembrar a mítica luz ao fundo do túnel.
Tudo isto para dizer que quando se quer remover aquela formalidade tão irritante que vemos nos livros a melhor solução é usar e abusar do tom coloquial. Para aqueles que não sabem o que coloquial significa é só pensarem na maneira de se falar em tom de conversa casual. Isto é, toda a gíria que se usa é o que torna o que é narrado num livro mais real. Se na vida real não falamos com formalidade em conversas casuais, nem quando recontamos algo que aconteceu dessa maneira, porque o fazer de forma escrita?

PEE - O efeito emoção

14 setembro, 2010
Primeiro vou pedir desculpas por ontem não ter havido updates. Tive uma insónia, deixei-me dormir de manhã e depois saí até à cidade. Quando cheguei, à noite só conseguia pensar em ler o No Mercy da Sherrilyn Kenyon (que bem valeu a pena!).
Hoje durante a minha leitura de mensagens fui parar a um blog português - o qual não vale a pena mencionar - e li uma coisa que me deixou perpetuadamente estupefacta. Todos estão conscientes que a relação de leitor/livro com a obra A Saga Twilight (Crepúsculo) existe maioritariamente de uma forma: love/hate.
É óbvio que a maioria das pessoas sabe justificar os seus gostos. Agora daí a dizerem que não compreendem as razões pela qual alguns gostam só me dá vontade de chamar essa gente de tansos. Isto porque para quem se preza de fazer reviews (críticas) não parece apanhar metade das coisas.
Há já muito que me tinha apercebido do que realmente prende os leitores a um livro. Não é só a originalidade, acção e pequenos detalhes que os vão colar às páginas, mas a empatia para com as personagens. Mas dito desta maneira, responderiam que as personagens desta história são do mais estúpido possível de imaginar.

E aqui fica a diferença - aquilo que leva um livro mais além de uma boa obra é o que se chama de PEE (Powerful Emotional Experience) - Experiência Emocional Potente. Foi o que aconteceu com a Saga Twilight. E muitos dirão "Infelizmente!" Contudo quando lemos um livro, vamos ligar-nos às personagens e às experiências que estas vão passar. Randy Ingermanson fala sobre isso, e explica melhor em que consiste a PEE.
Para rematar em simplicidade como costumo fazer, posso-vos dizer que consiste no seu básico em puxar da emoção interior das personagens. Para fazer isso podem perguntar a vós próprios o seguinte: 
  • Como se sente a minha personagem?
  • O que sente a minha personagem? 
Espero fazer no futuro um post mais detalhado. Entretanto podem saber um pouco mais lendo estes posts sobre o assunto:
Powerful Emotional Experiences in Fiction  
On Those Pesky Powerful Emotional Experiences

Recomendações

10 setembro, 2010
Hoje é dia de recomendações!
Como vão funcionar este tipo de posts? Em várias categorias, desde blogs, artigos e livros entre outras coisas que podem ser úteis e/ou interessantes.
Hoje tenho um blog excelente. Let The Words Flow é um blog comum de diversas autoras da comunidade Fictionpress que (a maioria) já passaram a profissionais. Para quem se dá bem com o inlgês é um site excelente sobre a escrita, recheado de conselhos e críticas. Um sítio a seguir. Visitem aqui.

Revendo para continuar

09 setembro, 2010
Hoje não é dia de guias, mas dia de mostra e dicas!
Estou a reler o que foi escrito, para poder continuar a história sem quebrar muito o paço.
Não tive a melhor manhã possível uma vez que a mazela mensal das mulheres decidiu atacar e deixar-me com dores abdominais e de costas. Isso não significou que depois de me afogar num par de analgésicos não conseguisse trabalhar e achei já que era tempo de reler o maldito manuscrito. Por alguma razão, provavelmente o ambiente já que trabalho melhor no barulho e tenho estado enfiada em casa, não tenho conseguido acrescentar as cenas seguintes à última página escrita, quase a terminar o segundo capítulo.
Assim que uma boa maneira de combater o encrave e deixar estar o que está escrito, parar ou virar-se para outra coisa, e voltar a pegar quando houver vontade. Pelos vistos a minha só voltou agora.
Tenho estado a fazer algumas notas com as cenas que se seguem enquanto rumino o chá, e umas separadas com cenas que são importantes e têm que aparecer, apesar de não saber em que partes. Assim posso comparar a timeline e inserir onde acho necessário cada item.
Vamos ver se é hoje que termino o segundo capítulo.

A ideia

08 setembro, 2010
Hoje é a minha parte favorita - a ideia!
Pode surgir de qualquer sítio, a qualquer hora, com qualquer coisa e de qualquer maneira. Que loucura! Mas metê-la no sítio de forma compreensível a conversa já é outra.
Pessoalmente eu uso variados métodos, dependendo daquilo que quero apontar.
Quando inicialmente tenho uma ideia, costuma surgir com personagens a agir de uma determinada maneira numa determinada situação. Ou, caso raro, acordar com uma cena na cabeça. Nessas alturas o que eu faço é escrever a cena que tenho na cabeça. Não interessa que esteja mal,ou bem, que os nomes das personagens sejam definitivamente aqueles ou que no final a cena continue assim. É só pô-la em papel. Algo do género:

A noite fria afogava-se num breu infinito. Apenas as minutas luzes aqui e ali ao longo da rua lançavam feixes fugitivos sobre os passeios, mas que depressa eram engolidos pela imensidão da escuridão da madrugada. Gabriel Whittemore inalou profundamente. O ar estava húmido, o firmamento dissimulado pelas ameaçadoras nuvens. Mas o vento enfurecido que agitava os cabelos de Gabriel, que num gesto natural cobriam as suas finas sobrancelhas, arrastava consigo um odor que lhe era estranho e, contudo, o deixava desconfortável. Gabriel olhou para a rua abaixo dos seus pés. Mesmo na escuridão os seus olhos perscrutavam atentamente as ruas vazias e escuras. Nada. Não havia nada na rua, nem mesmo nos cantos mais obscuros. E contudo, Gabriel sentia um estranho pesar no seu âmago, deixando-o indisposto. Gabriel grunhiu inclementemente e tomou balanço, saltando do terraço do prédio para o passeio e aterrando suavemente sob os calcanhares.
Sim, às vezes até me surpreendo a mim própria.

Quando não tenho nenhuma cena na cabeça e só consigo visualizar o tipo de história que quero fazer escrevo simplesmente uma sinopse de um par de linhas e título (tenho uma tendência a dar nomes e títulos, mesmo que não sejam finais). Assim:
Depois tenho um método que uso imenso, do qual já falei no post anterior, que é as listas:
Não importa que estejam por ordem ou não. Costumo por vezes colocar um U ou um O para identificar se está ou não ordenado cronologicamente e acrescentar números para refazer a lista a limpo.

Este último método não é dos meus favoritos porque, verdade seja dita, eu não funciono bem e faço semrpe da pior maneira.
Basicamente, segue um pouco do Método do Floco de Neve Original e passa sobre escrever através da persoangem. Descrever em pequenos parágrafos o que a personagem quer, o que faz para o conseguir, os problemas (conflito) que surgem e como afectam a personagem e como a personagem soluciona o problema.
Por fim, quando já passámos esta fase inicial, começa-se a apontar as notas técnicas e personagens, relações e todos os outros detalhes, quer em esquemas, textos ou listas, é como preferirem.

Estrutura e como organizar facilmente uma

07 setembro, 2010
Hoje podia estar aqui infinitamente a falar sobre a estrutura de uma história e maçar-vos até ao aborrecimento. Nem era minha ideia começar com este post, mas sim o da ideia, mas achei que este era mais importante de saber primeiramente. Como nem eu pessoalmente gosto de textos longos, vou comprimir aquilo que sei para o essencial sobre estruturação.


Esta é a estrutura mais básica a que se pode resumir um história:
  • O princípio - Toda a exposição de personagens, sítio e todos os condicionantes que fazem parte da história.
  • O meio - Aqui é a parte mais importante, e para muitos a mais difícil: o conflito. Isto é a alma do livro. Tal como a Wapy explicou no Processo Criativo 1, as personagens nascem por necessidade, necessitam motivação e são as ferramentas da história. Ou seja, quando criamos uma história temos de ter em conta um aspecto muito importante: apenas existirá um conflito se a personagem se conseguir deparar com problemas, qualquer que seja o tipo deste e depois o solucionar.
  • O fim - A grande maioria das pessoas quando têm uma ideia, normalmente têm o princípio e o fim já definidos de certa maneira. Embora isso, é absolutamente necessário ter em conta que o fim é a resolução do conflito, e daí ser preciso que o fim faça sentido em relação ao meio.
Alguns aspectos a ter em conta sobre a estrutura para não esquecer são que nenhuma das fases da estrutura tem de obrigatoriamente seguir uma determinada extensão e é também de acrescentar que não é preciso criar apenas um conflito ou muitos para ter uma boa história. Se estivermos a escrever uma short-story (ou um conto se preferirem) vamos cingir-nos a meros parágrafos.

Agora à parte interessante! Como organizar facilmente uma estrutura para uma história. Existem imensas maneiras de o fazer. Mas vou mostrar apenas um par delas, porque são simples e fáceis de acrescentar mais e mais detalhes.

Existe um método criado por Randy Ingermanson chamado o Método do Floco de Neve. Simplificado e explicado, este método diz-nos que para estruturar uma história devemos fazê-lo partindo de algo simples e ramificando-o, e dessa maneira tornar mais complexa a história, tal como a estrutura do floco de neve Koch (falamos de formas fractais).
Usando este método como base, podemos estruturar uma história usando:
  • post-its - cada post-it contém informação sobre a história: uma personagem, uma acção/acontecimento, um problema, um detalhe técnico, etc. Torna-se fácil organizar linearmente a história ao alinhar os post-its conforme quisermos.
  • listas - já usei este método, e é muito bom se tivermos a história toda na cabeça. É rápido de criar um manuscrito, deixando-o depois para revisão. Fazem-se tópicos que servem de guias.
Existem alguns programas por essas bandas além do Word ou Note Pad. Um programa curioso que encontrei foi o Liquid Story Binder XE, feito especialmente para quem escreve, principalmente a computador. Pessoalmente, ainda gosto de pegar na caneta e nem sempre tive computador para escrever. O meu primeiro livro foi todo escrito à mão.

M-rated – O conteúdo maturo

06 setembro, 2010
Continuo a sublinhar que os géneros nas livrarias portuguesas não estão lá muito bem digeridas. Nunca vos aconteceu pegar no livro, folheá-lo e arrependerem-se por apanhar algo que não estavam à espera? Eu já, e acreditem que na altura foi bastante embaraçoso.
Costumo defender que o romance adulto não tem necessariamente ter cenas em que um pudico vos gritaria "CENSUREM!". E até tenho um excelente exemplo para vos dar - Shanna Swendson.


Foi provavelmente a autora mais original e hilariante que já li e bem a ponho num pedestal com Katie MacAlister. Existe contudo uma grande diferença entre as duas, e óbvio será dizer que não falo da história, mas do conteúdo maturo.
Enquanto que com os romances de Katie nos vamos deparando com "cenas de quarto" e alguma gore, Shanna consegue oferecer-nos uma dose semelhante de humor, menos o conteúdo maturo. O resultado é um livro com personagens adultas, mas que pode ser lido por um público de YA.
A abordagem de personagens adultas versus adolescentes é muito diferente e, para mim, sempre foi mais aliciante. A história que precede o livro que estou a escrever é M-rated, embora as personagens sejam mais novas do que as desta história. Apesar disso vou seguir a primeira escolha, deixando para trás as "cenas de quarto" e puxando apenas da gore quando necessário. Há maneiras de dar a volta a este tipo de coisas. Mesmo assim acredito que de certa maneira algumas vezes são precisas para a essência da história.

O género

03 setembro, 2010
Da wikipedia:
"A fantasia urbana é um subset de fantasia definido pelo lugar; a narrativa fantástica tem um set urbano. Muitas fantasias urbanas encontram-se em tempos contemporâneos ou têm elementos sobrenaturais. contudo esta não é a definição primária de fantasia urbana. A fantasia urbana pode ser colocada em tempos históricos, tempos modernos ou tempos futuristas. O pré-requisito é de que seja primariamente definido numa cidade ao invés de um lugar rural, que têm o seus próprios subsets."


Este é o género que vou abordar. É, de pena minha, um género que só agora surge nas livrarias, e que mesmo assim se cinge a autores estrangeiros.



Os melhores exemplos que vos posso dar (e dos meus favoritos, cada qual por sua razão) são Christine Feehan, Sherrilyn Kenyon, Keri Arthur, Katie MacAlister e Devon Monk. Isto para não tornar a lista enorme.
Contudo quando falo nestes autores aborda-se livros para adultos. Existem alguns bons autores do denominado Youn Adult (que infelizmente em Portugal é um grupo etário muito mal selecionado - infanto-juvenil). P.C. Cast + Kristin Cast, Claudia Gray, Alyson Nöel, entre outros. Todavia quando leio uma faixa etária versus a outra, encontro sempre que, no Young Adult (YA) falta muito de construtivo a personagens, para não falar de que parecem seguir sempre o mesmo padrão - a consistência das histórias não apelam. Enquanto que no adulto se ajuntam os mistérios, as consciências, as grandes decisões, os intrincados desenvolvimentos que fazem surgir as séries de Arc.
Não estou, no entanto, a denegrir o YA. Apenas marcando um ponto de preferência por apelo de entretenimento, visto que já dos 16 anos que foram uma preferência em relação à literatura YA, mesmo sendo uma idade muito abaixo da faixa etária de romances adultos.

Introdução

02 setembro, 2010
A primeira coisa que vos quero introduzir é o livro que vou abordar.
Tenho sempre uma miríade de personagens a correr pela minha cabeça e a maneira mais eficaz que consegui arranjar para deixar em notas o tom, tipo de história e personagens foi escrever um excerto de cada, mesmo que não volte a tocar na história durante muito tempo.
A maior parte das vezes consigo séries simplesmente pelo facto de quando surgem personagens secundárias encontro que estas são dignas de contar as suas histórias. Caso foi a da Tela Manchada - a personagem principal surge na história anterior como alguém muito importante e não resisti. Ainda antes de ter terminado a história que precede esta e  a qual é, contudo, semi-irrelevante, já tinha um excerto sem título escrito. Até a minha mãe gostou e ela não é fã de paranormal.
~~~
A história
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A primeira coisa que fiz depois do primeiro excerto foi acrescentar algo semelhante a uma sinopse.
Gabriel encontra Karen definhando num beco escuro e acolhe-a em sua casa pela sua beleza e possível utilidade como consorte, usando-a em festas da alta sociedade do seu obscuro mundo. Mas Gabriel não é o único a apreciar Karen e não tardam em aparecer ‘pretendentes’ à posse da consorte humana. Para não falar de que Karen é uma mais das quais possui ADN capaz de curar a praga vampírica. Contudo há quem não deseje que essa informação venha ao de cima.
Óbvio será dizer que ao longo das coisas isto irá mudar e tornar-se mais complexo. Servirá apenas como um guia. Quanto mais se acrescenta mais semelhante ficará a um resumo. Ou seja, este tipo de notas serão a base de uma história pela qual nos guiaremos para desenvolver o livro.