Narração

03 outubro, 2010
De volta e munida já de computador vou falar de narração. A maioria de nós aprende três modos de narrador numa história. Contudo existem mais facetas que nem sempre são tão comuns e abordadas em aulas.
Podemos criar uma narração sob qualquer ponto de vista:
  • Em primeira pessoa - Embora eu tenha ouvido dizer muito que para se começar a escrever este modo seja o melhor na verdade não sou apologética de que seja o mais simples. Muito pelo contrário. Enquanto que com um narrador heterodiegético uma quantidade de coisas que sejam inerentes às personagens possam escapulir à narrativa sem esta perder partes essenciais que deixem buracos, com uma narrador em primeira pessoa, a personagem tem uma experiência directa em autodiegético e homodiegético. O modo mais comum é homodiegético, daí se tornar complexo escrever como uma personagem. É necessário conhecer todas as idiossincrasias da personagem.
  • Em segunda pessoa - É tão raro encontrar alguém que proporcione esta experiência, para não falar de que é absolutamente estranho ler desta maneira. É todavia curioso tentar.
  • Em terceira pessoa - A mais comum que tenho em biblioteca, providencia uma possibilidade de uma narração com mais variados pontos de vista sem trazer tantos encargos como traz na primeira pessoa. É a melhor forma de começar, especialmente em heterodiegético.

Essencialmente aquilo que se quer abordar é a forma como o narrador se comporta.
Tal como descrito na Wikipédia, existem seis tipos de focalização por parte do narrador.
  • Omnisciente: colocado numa posição de transcendência, o narrador mostra conhecer toda a história, manipula o tempo, invade o interior das personagens.
    Interna: o narrador adopta o ponto de vista de uma ou mais personagens, daí resultando uma diminuição de conhecimento.
    Externa: o conhecimento do narrador limita-se ao que é observável do exterior.
    Neutra: O narrador não expõe seu ponto de vista (este modo não existe na prática, apenas na teoria).
    Restritiva: A visão dos factos dá -se através do ponto de vista de alguma personagem.
    Interventiva: O autor faz observações sobre as personagens.
Alguns exemplos bons:

 A série de Keri Arthur, Riley Jenson Guardian é narrada em primeira pessoa pela própria protagonista. É possível vermos o tipo de personagem que é pela narração e a forma como vai mudando ao longo da história. A Chrisitne Feehan, por exemplo, já narra as histórias em terceira pessoa e com um narrador heterodiegético. Embora o narrador seja ausente, existe sempre um insight das personagens e dos seus pensamentos, uma vez que a narração é interna.

2 comentários:

wapy disse... [Reply]

Acho ainda que ficaram alguns tipos por descrever... E também acho que é difícil explicar como funciona esta coisa de narração sem mostrar exemplos (ou pelo menos era o que acontecia lá nos meus tempos do 7º ano).

De qualquer modo, o meu tipo preferido até por ser o mais estranho que vi até à data e só encontrado em livros portugueses (que eu saiba) é aquele que está a narrar a história e começa a dar a sua opinião e começa a pensar enquanto descreve as coisas com um tom tão informal que bem nos podia estar a contar isto numa mesa de café e depois se perde nos seus pensamentos e conta outras histórias até dizer "oops, mas voltando à história..." Não é um narrador que eu veja todos os dias, mas é o meu preferido. Sai da narração durante um bocado e torna o discurso muito mais interessante.

E ganda parágrafo.

Só acho pena que uns 70% da população não faça ideia do que heterodiegético quer dizer :(

rainfreak disse... [Reply]

@wapy
É sempre complicado pôr tudo. Especialmente porque existe sempre a possibilidade de criar novas formas. Só queria abordar mais o básico. Nós cá de tradução, não se vÊ grande variação.
LOL, usem o dicionário!

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