Excerto II

06 outubro, 2010
Como estou um pouco desorientada com o meu livro deixo-vos um primeiro excerto do princípio (porque é por aí que se começa). Espero que gostem. Estou neste momento a esganar a minha musa (uh, neste caso um) para que me deixe saber o que raio está a acontecer com a Holly.

Gabriel sonhara muito durante a noite, de isso ele tinha a certeza. Com o quê, ao certo, não se recordava. Mas ao acordar, Gabriel levantara-se com uma ideia fixa. Talvez fosse ridícula, talvez até fosse uma ideia louca e descabida. Mas se resultasse, Gabriel resolveria, provavelmente, mais do que um problema de uma vez só.
Vestindo um dos roupões que estava pendurado no guarda-fatos do quarto, para uso dos hóspedes, Gabriel dirigiu-se ao seu quarto. Ao bater suavemente com os nós dos dedos sobre a madeira, a voz de Milly respondeu-lhe do outro lado, fazendo-o franzir o sobrolho.
 Gabriel entrou silenciosamente e, ao olhar em direcção à porta da casa de banho privada, compreendeu porque razão Milly se encontrava ali. A face que o enfrentou não se comparava à do dia anterior. Embora a mesma, era agora rosada, os cabelos caramelizados e húmidos emoldurando subtilmente as curvas do rosto longo e acentuando a cor achocolatada dos olhos, onde pequenas mechas azuis brilhavam. Gabriel sugou um fôlego. A forma como o vestido branco assentava sobre as curvas de Karen fê-lo engolir em seco. Talvez, agora, a sua ideia afinal não fosse tão louca. Apenas…indecente.
Ele pigarreou, e viu os olhos que o observavam silenciosamente varrerem o seu corpo num instante. A rapariga cobriu os olhos com os dedos, um tom carmesim cobrindo as suas faces escondidas. Foi só apenas quando Milly saiu da casa de banho tossindo deliberadamente, carregando toalhas brancas húmidas e as vestes imundas e coçadas da rapariga, que Gabriel se apercebeu que envergava apenas um robe sobre a sua roupa interior à frente de duas senhoras. Milly estava mais do que habituada a vê-lo alardear-se pela casa em mínimas vestes. Mas os olhos inocentes de Karen não necessitavam de serem feridos com tal parada.
– Perdão. – desculpou-se Gabriel, tendo a consideração de se mostrar embaraçado. – Pensei que estivessem na cozinha. Vim apenas tomar um duche.
– Faz-te à tua vida rapaz. – disse Milly agarrando o braço de Karen, que ainda escondia a face por entre as mãos. – Vou dar o pequeno-almoço a esta tagarela.
Gabriel ergueu as sobrancelhas.
– Tagarela?
– Oh, sim. Esta menina fala pelos cotovelos, acredita.
– Não creio ser testemunha disso. – disse ele, com leve divertimento observando-a a arrastar consigo pela mão a pequena criatura.
– Vais ver. – prometeu Milly, fechando a porta depois de sair. Gabriel inspirou profundamente. O doce sabor de caramelo pairava no ar, uma fragrância que fazia crescer água na boca. Ele estremeceu e abanou a cabeça inclementemente. Gabriel tinha a certeza absoluta de que Milly o iria censurar pela sua decisão. Mas que podia ele fazer? Ele não desejava mandar a rapariga de volta para de onde viera, não depois de ter visto o terror que isso lhe provocava. Mas se não a mandava embora o único que via como solução era mantê-la consigo. E para isso só havia uma forma de o fazer.

2 comentários:

wapy disse... [Reply]

:) Tagarela.

rainfreak disse... [Reply]

@wapy
Oh, vai ser!

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