Antes de mais, uma vez mais as minhas desculpas. Sempre que começo um ano, as coisas acabam sempre atribuladas. Vá se lá saber porquê.
Hoje vou continuar o post anterior da linguagem. O que tinha referido maioritariamente era o tom coloquial. O que vou fazer é algo semelhante a uma demonstração. Isto não é regra, nem a forma como eu escrevo de nenhum pro. É apenas um exemplo.
Sob uma forma mais formal:
– Basta! Cessai essa gritaria infernal duma vez por todas! – berrou, mas depressa se arrependeu com a tontura que precedeu ao abuso das cordas vocais. Mas surtiu efeito o curto esforço e todas as vozes cessaram, deixando que o som de passos aproximando-se superassem o silêncio. Marcus ergueu a cabeça lentamente e encarou o chefe do exército lusitano.
- Saudações, dux Viriato. – cumprimentou Marcus. O homem alto, de cabelos castanhos deslavados do sol, ligeiramente longos, e barba pomposa e encaracolada de guerreiro, que o observava apenas de alguns passos, inclinou a cabeça respeitosamente e não moveu mais um músculo. Marcus estendeu o braço fraco, mas que, à vista de qualquer um, fraqueza não haveria, e, com um sorriso de meio lado, ambos os homens cumprimentaram-se como guerreiros que eram.
– Viagem longa deduzo? – perguntou Viriato. Marcus anuiu silenciosamente. – Não pareces bem.
– Algum maldito vírus, provavelmente. A ceia foi-se, a força é pouca.
– Que notícias trazes?
– Antoninus Pius ordenou o cônsul para preparar as legiões para avançar em uns meses. – ele franziu o sobrolho. – Continuareis aqui, teimosos lusos?
Viriato cruzou os braços à afronte típica de Marcus e respondeu como sempre respondia.
– Assim somos - lusos, teimosos. Mas pela liberdade.
Sob uma forma mais informal:
– Então, com quem vais? – perguntou curiosa.– Com ninguém, pelo menos que eu saiba. – encolhi os ombros sem interesse. – Mas vou na mesma, para ver como se sai a imaginação das pessoas. – ri-me só de pensar.– Então e o Eric Larson?
Olhei para ela, uma sobrancelha levantada com descrença.
Olhei para ela, uma sobrancelha levantada com descrença.
– Estás a gozar?– Pois, como se não tivesses notado os olhos dele colados constantemente em ti durante todo o dia! – resmungou ela.
– Como assim? – questionei, confusa. – O que queres dizer?– Quero dizer, - disse ela, exasperada como se estivesse a responder aos constantes “porquês” de uma criança. – que tu és a pessoa mais distraída que eu conheço. – suspirou pesadamente. – Ele passou o tempo todo a olhar para ti. Ok, pronto, discretamente. Acho que mais ninguém deu conta. – disse ela, após me ver a fulminá-la com os olhos.– Muito estranho, tendo em conta o seu comportamento ontem e durante hoje para comigo. – comentei, com ligeira irritação.
Embora cada uma das narrações seja diferente em termos de narrador, o primeiro funcionaria de igual maneira que o segundo, bastando colocar esse narrador na cena.
De todas as maneiras aquilo que quero apontar é as idiossincrasias do narrador. Isto é, imaginem as coisas da seguinte maneira:
A mesma pessoa, por exemplo, um adolescente, terá uma conversa com um amigo e posteriormente fará um discurso. Claro está que a gíria dependerá de cada situação. É nesse aspecto que se deve ter maior atenção. Óbvio também no uso de palavras, dependendo do público alvo.